INVISIBILIDADES INDIFERENTES (2016)
Invisibilidades indiferentes (2016) foi concebido como proposta de intervenção urbana, a partir do direcionamento do olhar para o chão do entorno do SESC Campinas. Ao observar o entorno, havia um número de pessoas, que aos domingos à tarde, ocupava a frente da calçada de um comércio próximo ao SESC. Essas pessoas dormiam, conversavam, ou simplesmente prestavam a atenção no movimento da rua. Após vê-las no chão, não foi mais possível ser indiferente. Assim, no cobertor, do tipo tomara que amanheça¸ foi gravada a palavra “Campinas”, por meio da técnica de entintagem. Os letreiros dos bueiros do entorno foram a matriz da gravação no cobertor. A silhueta humana foi moldada com lona e sacos plásticos amarrados. E a intervenção foi montada em frente ao Galpão do SESC Campinas no mesmo horário que estava simultaneamente acontecendo o espetáculo da “Banda Mirim e Chico César”.
Quando participei do curso “do Monumento à Instalação”, ministrado pelo artista Thiago Bortolozzo, no SESC Campinas, aos domingos entre os dias 06 de novembro e 04 de dezembro de 2016, realizei o trabalho artístico “Invisibilidades Indiferentes”. Tal trabalho teve consistência enquanto um desencadeador de relações. Pois provocou tanto reações agressivas por parte da segurança do SESC, assim como, preconceito por parte do público que participava do Show com Banda Mirim e Chico César (no dia 04 de dezembro). A presença de um suposto sem-teto dormindo junto às grades do Galpão do SESC, próximo às portas de entrada, causou uma reação entre os que avistaram. Até então, os reais seres viventes sem-teto que estabelecem seus espaços privados, aos domingos, na calçada da loja de pneus a uns 300m do SESC, eram totalmente invisibilizados e suas presenças ignoradas. O trabalho, como uma ação de curto efeito, estabeleceu uma fissura na estrutura institucional do SESC que sedia um curso para “trabalhar com o entorno”, mas ao mesmo tempo não está preparado para receber este entorno/"estorvo", ainda que, apenas como simulação.