A CURA DA TERRA (2022)
A fertilidade das sementes…
“Quando as mulheres deixaram de devolver seu sangue à terra, iniciaram-se a matança e as guerras, para que o derramamento de sangue suprisse a necessidade de nutrientes. E só quando todas as mulheres voltarem a devolver o seu sangue, é que haverá paz.”
(profecia mulheres indígenas dakota)
"… weaving and criss-crossing are healing processes …”
Cecilia Vicuña
“A cura da terra" é uma performance realizada no início de 2022 a qual toma como referência a profecia das dakotas e a frase de Vicuña sobre o tecer como um processo de cura.
Diante destas referências, utilizo-me de um terreno de minha família, onde a terra sofreu degradação e há anos estamos tentando recuperá-la. Este local foi escolhido para esta performance com o intuito de regenerar a terra a partir de ações não-convencionais (no sentido agrícola), mas de ações que abrangessem processos ritualísticos, que pudessem repercutir como uma lenda…
Portanto, fez necessário para este trabalho invocar as sabedorias ancestrais como processo de cura da terra, levando em consideração que se trata também da cura da Terra (ante às guerras e às devastações ambientais).
As sementes são oferecidas à terra considerando seu potencial transformador, afinal, elas quem irão regenerar a terra. Tratam-se de sementes de cerca de 35 espécies diferentes, variam desde alimentícias, como feijões, a árvores de grande porte, como o cedro rosa. A diversidade das sementes foi plantada em alta densidade, ou seja, apenas na área que constitui o tear.
O sangue menstrual foi derramado simbolizando a nutrição feminina sobre a terra, a força do sangue que nutre e dá a vida.
E por fim o tecer, a performatividade do fazer/tecer, criar a grande trama que cobre e protege as sementes. A trama que cura, acolhe e aquece.
Assim a performance é concluída deixando à natureza seu papel: germinar e crescer.